
Quatro Estratégias do Brasil para Reagir ao Tarifaço de Trump
O recente aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, conhecido como tarifaço de Trump, movimentou o governo brasileiro, que estruturou um plano com quatro frentes para lidar com o impacto econômico e político da medida. As ações combinam soluções de curto, médio e longo prazo, buscando reduzir prejuízos e fortalecer a posição do país no comércio internacional.
1. Negociação Direta com Washington
Desde abril, quando a primeira tarifa extra de 10% foi anunciada, o Itamaraty e os ministérios da Fazenda, Indústria e Comércio e Agricultura vêm tentando abrir canais de diálogo com o governo americano.
O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera os esforços, com reuniões já programadas — como a de Fernando Haddad com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
A meta é minimizar os danos, retirando setores da lista de produtos sobretaxados. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descarta, por enquanto, conversar diretamente com Donald Trump, diante da avaliação de que as tarifas têm motivação política.
2. Mitigação dos Efeitos Internos
Com a sobretaxa de 40% desde julho, o governo mapeou os setores mais afetados e estuda medidas como:
- Incentivos à exportação para novos mercados;
- Apoio financeiro emergencial;
- Redução de tributos internos;
- Estoques reguladores temporários para absorver excedentes.
Apesar das críticas pela demora, o Planalto acredita que a crise pode ser transformada em oportunidade para diversificar e fortalecer a estrutura de comércio exterior.
3. Diversificação de Mercados
O governo intensificou a busca por novos parceiros, ampliando relações com países como Japão, Vietnã, China, Índia e membros do Mercosul.
Entre as iniciativas, destacam-se:
- Acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia;
- Viagens de Lula para estreitar relações econômicas;
- Participação em reuniões estratégicas, como a cúpula da ASEAN na Malásia.
O objetivo é reduzir a dependência dos EUA e aumentar a resiliência econômica do Brasil diante de crises futuras.
4. Retaliação Comercial
Embora ainda seja a última alternativa, o governo iniciou estudos para aplicar medidas de reciprocidade.
Essa possibilidade já conta com respaldo do Congresso por meio da lei de reciprocidade comercial, mas só será adotada se as negociações não avançarem ou se novas tarifas forem impostas.
Conclusão
O tarifaço de Trump representa um desafio significativo para o Brasil, mas também uma oportunidade para repensar estratégias de comércio internacional. A combinação de negociação, mitigação, diversificação e, se necessário, retaliação, mostra que o governo busca uma resposta equilibrada, firme e legalmente respaldada.