Rud Rafael comenta os protestos de 30 de março contra a anistia para golpistas e a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mobilização Contra a Anistia e Demandas do Povo
No domingo, 30 de março de 2025, manifestantes se mobilizaram em várias cidades do Brasil para se opor à proposta de anistia destinada a golpistas que estiveram envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Os protestos, organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, também clamaram pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Em uma entrevista ao Brasil de Fato, Rud Rafael, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e membro da Frente Povo Sem Medo, destacou o crescimento das mobilizações em comparação com o ano anterior. “Em São Paulo, a mobilização foi significativa, com atos ocorrendo em mais de 15 estados. Realizamos mais de 20 manifestações em convocação conjunta das frentes e centrais sindicais. É uma retomada importante, uma vez que, desde 2023, não vínhamos conseguindo mobilizações expressivas”, declarou.
Uma Luta Contra a Impunidade
Rud Rafael enfatizou que a extrema direita tenta transformar o Congresso Nacional em um “centro da impunidade política”, criando um debate que qualificou como uma farsa. O ativista também mencionou que os protestos faziam alusão aos 61 anos do golpe militar de 1964, que deu início aos denominados “anos de chumbo”. Ele ressaltou que a lembrança da ditadura não se limita a 1964, mas se estende aos episódios de 8 de janeiro, que foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e estão sendo julgados pelo STF.
“Em várias cidades, resgatamos locais emblemáticos para abrir esse debate. O Brasil ainda enfrenta uma falta de justiça e verdade sobre a ditadura, e essa memória deve ser revivida”, acrescentou Rafael. Em locais como o monumento “Tortura Nunca Mais” no Rio de Janeiro e outras capitais, esses símbolos foram utilizados para destacar que o golpe ainda repercute na sociedade atual.
Propostas de Anistia no Congresso
Enquanto as ruas vibram com protestos, aliados de Jair Bolsonaro tentam promover a proposta de anistia no Congresso Nacional. Duas propostas de lei (PLs) estão em andamento: no Senado, o PL 5064/2023, de Hamilton Mourão (Republicanos-RS), travado na Comissão de Defesa da Democracia, e na Câmara dos Deputados, o PL 2858/2022, de Major Vitor Hugo (PL-GO).
Rud Rafael observou que a distinção entre os campos políticos está mais clara. “Enquanto apresentamos uma proposta de país, a extrema direita tenta proteger criminosos que ameaçaram a democracia”, afirmou. Ele ressaltou a gravidade das ações golpistas, acentuadas pelos julgamentos no STF, enfatizando a necessidade de impedir avanços em propostas inaceitáveis.
Relação entre Protestos e Justiça
Rud Rafael afirmou que a busca por justiça é essencial, recordando a anistia histórica no Brasil que deixou os responsáveis pela ditadura impunes. “Agora é o momento de ajustar contas. Não podemos permitir que esse passado retorne”, concluiu o ativista.