
Evento em Rio Tinto reforça a valorização da identidade ancestral e marca nova fase das políticas culturais indígenas
O município de Rio Tinto, no litoral norte da Paraíba, foi palco, neste domingo (19), do 4º Festival da Cultura Indígena, um dos eventos mais simbólicos do calendário cultural do estado. Com o tema “Monte-Mór É Nossa Terra”, o festival reuniu 33 aldeias Potiguaras e Tabajaras na aldeia Jaraguá, reafirmando a força das tradições, a resistência dos povos originários e a importância da cultura como instrumento de identidade e luta social.
Parceria entre Governo da Paraíba e lideranças indígenas
Realizado pelo Governo da Paraíba, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB) e a Secretaria de Estado das Mulheres e da Diversidade Humana (SEMDH-PB), o evento foi organizado pela Associação dos Caciques da Paraíba (Acip-PB), responsável pela produção e gestão do festival por meio de edital público.
Segundo Pedro Santos, secretário de Estado da Cultura, o modelo de parceria inaugura uma nova etapa na política cultural do estado.
“Esse formato torna o festival verdadeiramente representativo. A cultura indígena não é um evento a ser feito de fora para dentro — ela nasce das próprias aldeias. Democratizar a cultura é fortalecer a voz dos povos originários”, afirmou o secretário.
Ele também anunciou que o Governo da Paraíba, em parceria com o Governo Federal, lançará novos investimentos em cultura indígena, incluindo cotas exclusivas para artistas e produtores das aldeias.

Arte, tradição e pertencimento
Durante o festival, o público pôde vivenciar uma imersão na diversidade cultural indígena por meio de feiras de artesanato, culinária tradicional, pinturas corporais, músicas e danças ancestrais.
A secretária de Estado Lídia Moura destacou o papel transformador do evento:
“O Festival da Cultura Indígena é um movimento de pertencimento identitário. Ele nos conecta à história e à força da diversidade que forma a Paraíba. É uma celebração do diálogo entre as comunidades indígenas e o poder público”, ressaltou.
A força da resistência e a celebração da terra
Para o cacique-geral Sandro, líder potiguara, a realização do festival em Monte-Mór simboliza a continuidade da luta das lideranças que dedicaram suas vidas à demarcação do território indígena.
“Fortalecer a cultura é manter o povo vivo. Este festival nos dá orgulho e esperança, porque nossa história agora faz parte das ações permanentes de governo”, afirmou o cacique.
O coordenador regional da Funai na Paraíba, Eugênio Herculano, também destacou a importância simbólica da celebração:
“A união das 33 aldeias neste território recém-homologado reafirma nossa ancestralidade e a visibilidade dos primeiros habitantes da Paraíba”, disse.

Homologação da Terra Indígena Potiguara de Monte-Mór
A festividade também marcou um momento histórico: a homologação da Terra Indígena Potiguara de Monte-Mór, oficializada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2024, durante as comemorações dos 57 anos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O território, que abriga mais de 7 mil indígenas em seis aldeias, ocupa cerca de 7,5 mil hectares e simboliza a conquista de gerações em defesa do direito à terra, à cultura e à autonomia.

🪶 Festival da Cultura Indígena: símbolo de identidade e continuidade
O evento em Rio Tinto reafirma que a cultura é uma das mais poderosas formas de resistência. Por meio da arte, da música, da dança e da memória coletiva, os povos Potiguara e Tabajara seguem transformando sua história em exemplo de orgulho e preservação.