
A França atravessa um momento delicado, marcado por manifestações em diversas cidades após a renúncia do ex-primeiro-ministro François Bayrou. A crise abriu espaço para questionamentos sobre a governabilidade do presidente Emmanuel Macron e reacendeu tensões sociais já conhecidas no país.
Protestos se espalham pelas ruas
Nesta quarta-feira (10), milhares de manifestantes bloquearam rodovias, incendiaram lixeiras e entraram em confronto com forças de segurança em cidades como Paris, Rennes, Nantes, Montpellier e Toulouse. O movimento, chamado “Bloqueie Tudo”, ganhou força rapidamente e mobilizou cerca de 80 mil agentes de segurança em todo o território francês — apenas a capital contou com 6 mil policiais.
Renúncia e substituição no governo
A renúncia de Bayrou ocorreu após a derrota em um voto de confiança no Parlamento. Para substituir o ex-premiê, Macron nomeou Sébastien Lecornu, até então ministro da Defesa. A decisão, no entanto, não pacificou o cenário político: pelo contrário, serviu como combustível para os protestos, já que setores da oposição consideram que a crise não está restrita à figura do primeiro-ministro.
Oposição mira diretamente em Macron
Dirigentes sindicais e líderes políticos apontam que o descontentamento vai além da escolha do novo premiê. “Os ministros são um problema, mas é mais o Macron e sua maneira de trabalhar. Ele tem que sair”, afirmou Fred, sindicalista do setor de transportes em Paris.
Para a oposição, as políticas do atual governo representam distanciamento das demandas populares, sobretudo diante dos cortes orçamentários previstos e do aumento da pressão social.
Comparação com os “Coletes Amarelos”
Analistas destacam semelhanças entre o atual movimento e os protestos dos “Coletes Amarelos”, iniciados em 2018. Embora o “Bloqueie Tudo” tenha surgido em maio entre grupos de direita, hoje é dominado por movimentos de esquerda. Esse alinhamento heterogêneo aumenta o alcance e a força da mobilização.
Possíveis causas e consequências
- Causas: crise política após derrota do premiê no Parlamento; cortes orçamentários planejados; insatisfação popular acumulada.
- Consequências positivas: pode estimular maior diálogo político e abertura do governo a reformas institucionais.
- Consequências negativas: risco de intensificação da violência urbana; desgaste da imagem internacional da França; enfraquecimento da governabilidade de Macron.
O maior teste de governabilidade desde 2018
Para especialistas, Macron enfrenta um dos momentos mais críticos de seu mandato. O desgaste político crescente, aliado à pressão das ruas, pode representar o maior desafio de estabilidade desde a crise dos “Coletes Amarelos”.