
A polêmica envolvendo Zezé Di Camargo e o SBT ganhou repercussão nacional após o cantor criticar publicamente a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outras autoridades no lançamento do SBT News. O episódio, que culminou no cancelamento do especial de Natal do artista, abriu espaço para um debate mais amplo: como era, de fato, a relação de Silvio Santos com a política brasileira?
A controvérsia também trouxe à tona discussões sobre polarização, liberdade de expressão, papel da mídia e o uso simbólico do legado do fundador do SBT.
Entenda a polêmica entre Zezé Di Camargo e o SBT
O conflito teve início após Zezé Di Camargo publicar um vídeo nas redes sociais criticando a emissora por receber representantes do atual governo federal em um evento institucional. No pronunciamento, o cantor afirmou que o SBT estaria “se prostituindo”, termo que gerou forte reação negativa.
Pouco depois, o SBT anunciou que decidiu retirar da grade o especial “Natal é Amor com Zezé Di Camargo”, previsto para ir ao ar no dia 17 de dezembro, alegando avaliações internas.

Retratação e repercussão pública
Diante da repercussão, Zezé divulgou uma nota de esclarecimento, afirmando que utilizou o termo de forma figurada, sem intenção ofensiva ou de cunho de gênero, e pediu desculpas às filhas de Silvio Santos e a todas as mulheres que se sentiram atingidas.
Principais reações ao caso
- Críticas de setores ligados ao governo federal
- Declarações da primeira-dama Janja Lula da Silva, classificando a fala como misógina
- Reações divididas no campo bolsonarista
- Defesa de moderação no discurso por lideranças políticas
O episódio ultrapassou o campo artístico e passou a ser interpretado como um reflexo da polarização política no Brasil.
O lançamento do SBT News e o tom institucional
O evento de estreia do SBT News reuniu representantes dos Três Poderes, incluindo figuras de diferentes espectros ideológicos. O clima foi descrito como institucional e cordial, com registros de interações entre adversários políticos.
Para críticos, o evento simbolizaria uma reaproximação do SBT com o governo federal. Para a emissora, trata-se de um posicionamento alinhado à proposta de jornalismo plural, apartidário e institucional.
Qual era a relação de Silvio Santos com a política
A trajetória de Silvio Santos mostra que sua relação com a política sempre foi pragmática e estratégica, e não ideológica. Como empresário e concessionário de radiodifusão, ele manteve diálogo com governos de diferentes períodos históricos.
Características dessa relação
- Contato com presidentes civis e militares
- Ausência de militância partidária declarada
- Prioridade na proteção e expansão dos negócios
- Atuação política indireta, via diálogo institucional
Momentos marcantes da ligação entre Silvio Santos e o poder
Durante a ditadura militar
Silvio obteve autorizações essenciais para a expansão de suas emissoras, o que viabilizou a criação do SBT em 1981. O canal chegou a exibir o programa “A Semana do Presidente”, acompanhando atividades do Executivo.
Tentativa de candidatura em 1989
O apresentador tentou concorrer à Presidência da República, mas teve a candidatura barrada por questões legais. O episódio evidenciou sua popularidade e visão da política como uma arena estratégica.
Relação com governos democráticos
Silvio manteve relações cordiais com Sarney, FHC, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, aparecendo em encontros institucionais e programas da emissora.
Possíveis impactos dessa postura pragmática
Resultados positivos
- Garantia de estabilidade institucional para o grupo empresarial
- Capacidade de diálogo com diferentes governos
- Longevidade do SBT no mercado de comunicação
Críticas e pontos negativos
- Questionamentos sobre proximidade excessiva com o poder
- Debate sobre limites entre mídia e política
- Uso político da imagem do empresário após sua morte
O legado de Silvio Santos no debate atual
A polêmica envolvendo Zezé Di Camargo mostra como o nome de Silvio Santos continua sendo utilizado como referência moral e simbólica. No entanto, análises históricas indicam que o fundador do SBT não defendia uma linha ideológica fixa, mas sim uma postura adaptável às circunstâncias políticas.
Especialistas apontam que associar Silvio a um campo político específico simplifica excessivamente uma trajetória marcada pelo pragmatismo.